No passado dia 17 de setembro, a nossa Comunidade de Santa Teresinha do Menino Jesus, de Coimbra, reuniu-se para dar início às atividades do novo ano pastoral. O local escolhido foi a Mata do Buçaco, ou Cerca do antigo Convento dos Carmelitas Descalços, uma área protegida e classificada como Monumento Nacional, pela exuberância e beleza da sua paisagem.
Estas terras foram doadas, em 1628, pelo bispo de Coimbra, D. João Manuel à Ordem dos Carmelitas Descalços para a construção do Convento e retiro dos seus religiosos. As cerca de 250 espécies de árvores e arbustos foram aqui plantados pelos Frades da Ordem. Estes construíram ainda os muros de delimitação e o Convento de Santa Cruz do Buçaco, destinado a albergar os Frades entre 1628 a 1834 - data da extinção das ordens religiosas, após a qual o Convento e todo o património foi incorporado nos bens nacionais. Em 1888 iniciou-se a construção do Palace Hotel do Buçaco, sendo o Convento Carmelita parcialmente demolido para este efeito.
A nossa Comunidade de Santa Teresinha teve o privilégio de visitar o espaço do Convento Carmelita ainda existente, admirando o espaço do claustro, da capela e as celas dos primeiros monges da Ordem. Na capela, construída em parte do tradicional espaço de claustro, existe ainda mobiliário e estátuas, paramentos e telas originais do século XVII. Aí, o P. Joaquim Teixeira, nosso assistente espiritual, presidiu à celebração da Eucaristia e na breve homilia, lembrou a necessidade de termos um coração que acolha a Palavra, o que requer vivermos com serenidade e confiança e desejar que a Palavra de Deus, faça caminho no coração e tal como Maria nos exercitemos na capacidade de esperar e dar tempo, pois o Senhor é que nos modela e salva. Nesta eucaristia tivemos presentes, os elementos ausentes e, sobretudo, os doentes da Comunidade. Rezamos pela união e renovação de toda a Ordem e pelos defuntos da mesma.
De seguida, caminhando por diferentes trilhos da mata, encontramos algumas ermidas de habitação e capelas de devoção. Detivemo-nos no miradouro “Portas de Coimbra” onde o P. Joaquim falou de diversos aspetos, nomeadamente que do mesmo é visível o oceano Atlântico. Recordou como este monte se assemelha, topograficamente, ao Monte Carmelo e que os frades deste Convento viviam sobretudo vida eremítica, conjugada com a vida comunitária. Explicou ainda que o caminho da Via Sacra (numa extensão de cerca de três quilómetros), é composta por vinte passos, correspondendo aos passos da Prisão e aos da Paixão de Cristo, sendo a única réplica real da existente em Jerusalém.
As diferentes construções, os jardins, as cisternas, os miradouros e toda a paisagem, remetem para a observação e contemplação, evidenciando o gosto pela conservação da natureza que a Ordem sempre cultivou.
Durante o almoço, houve oportunidade de partilhar um pouco as vivências de fé e situações da vida privada. Foi um dia de encontro e de alegria entre todos os elementos.
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