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Beata Ana de S. Bartolomeu

Atualizado: 29 de jun. de 2020


Ana de S. Bartolomeu, mensageira do carisma teresiano, é essencialmente conhecida por ter sido a companheira, confidente amiga e secretária da Santa Madre Teresa de Jesus no fim da sua vida. Foi nos braços da irmã Ana que Teresa passa as últimas horas da vida, antes de falecer no convento de Alba de Tormes em 1582. Ana Garcia nasceu perto de Toledo em 1549 e professou como irmã conversa no convento de S. José de Ávila em 1572 com o nome de Ana de S. Bartolomeu, assegurando os numerosos serviços domésticos destinados então às irmãs de véu branco. Em plena crise da sua Reforma, Teresa regressa a Ávila em julho de 1577 e atribui-lhe o ofício de enfermeira em que a jovem irmã, muito afetiva, revela a sua paciência e solicitude junto das doentes. Teresa estava então fraca e também doente, manifestando muita afeição e amizade para com a irmã Ana. No Natal de 1577, Santa Teresa partiu um braço. A partir de então, a irmã Ana foi presença constante junto da Santa Madre. Não sabia escrever e mal conseguia ler, mas em pouco tempo, imitando a letra da Santa, tornou-se a secretária particular da Madre Fundadora. É sua companheira durante as últimas viagens, participando nas fundações de Villanueva de la Jara (1580), Palencia (1580), Soria (1581) e Burgos (1582).

Depois da morte da Madre Teresa, muitos problemas agitaram a Ordem dos Descalços. Ana de S. Bartolomeu dá o seu apoio à sua prioresa de Ávila, Maria de San Jerónimo, acompanhando-a em Madrid (1591) e na fundação de Ocaña (1595), onde ficam cerca de três anos. Ana permanece fiel à sua vocação de serviço nos conventos, no respeito do carisma teresiano, no seguimento de Cristo, privilegiando uma vida fraterna autêntica nas comunidades. Entretanto, prepara-se um segundo projeto de fundação fora de Espanha, após a de Lisboa em 1585, desta vez em Paris. A vida da irmã Ana vai mudar completamente, passando por períodos de sofrimento em França.

Foi escolhida para integrar o grupo de seis irmãs, entre elas Ana de Jesus, para viajar até Paris em 1604, após difíceis negociações entre o jovem padre Bérulle (1675-1629) e a Ordem em Espanha. Fundado o convento de Paris, foi forçada a receber o véu preto no ano seguinte, tornando-se irmã de coro. Desejava ardentemente o governo dos carmelitas descalços, para sustentar o carisma teresiano que ia difundido nas fundações onde era priora: Paris (1604), Pontoise (1605) e Tours (1608). Mas Bérulle não consente. Ana de Jesus já tinha deixado a França para fundar um convento em Bruxelas (1607), nas Flandres espanholas, conseguindo em 1610 a chegada dos primeiros carmelitas descalços. Em 1611, Ana de S. Bartolomeu parte para Antuérpia e funda um convento (1612), onde pode finalmente desenvolver o carisma carmelita da Santa Madre: humildade, amizade, afabilidade e humanismo, mas também firmeza no cumprimento da vontade de Deus. O ambiente espiritual e humano criado no convento de Antuérpia é o reflexo do verdadeiro espírito de Santa Teresa de Jesus para a sua reforma. Acabada a Trégua dos Doze Anos (1609-1621), a guerra entre Espanha e os Países-Baixos independentes do Norte ameaça de novo Antuérpia, mas os holandeses não conseguem tomar a cidade em 1624. Os príncipes soberanos, o exército e o povo estimavam muito a irmã Ana, considerando que as orações do convento tinham protegido a cidade. Ana de S. Bartolomeu morreu com 76 anos no seu convento, no dia 7 de Junho de 1626, Solenidade da Santíssima Trindade. Beatificada em 1917, deixou muitos escritos, publicados após a sua morte, entre eles, uma Autobiografia redigida por obediência, Conferências para as noviças, Meditações, etc... e um epistolário enorme de que se conservaram apenas 665 cartas.

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