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Beato Eugénio Maria do Menino Jesus


Frei Eugénio Maria do Menino Jesus (1894-1967), Henri Grialou antes de entrar na Ordem dos Carmelitas Descalços, foi ordenado presbítero em Rodez (França) no dia 4 de fevereiro de 1922. Logo a seguir, ingressou na Ordem e fez a sua profissão solene em 1926. Dedicou grande parte da sua vida à formação espiritual segundo a doutrina dos santos carmelitas, particularmente junto dos leigos. Os seus numerosos escritos serviram de base para a sua grande obra, «Quero Ver a Deus» (1957). Era um pregador notável, pelos seus comentários espontâneos do Evangelho nas homilias, não receando entrar nos cenários para destacar as atitudes de Jesus. Foi beatificado no dia 19 de Novembro de 2016.

«…A Igreja apresenta-nos a Sagrada Família para que cada um dos membros da família humana nela encontre um exemplo para o cumprimento dos seus deveres. E a Igreja sublinha muito especialmente, com o evangelista, a obediência de Jesus: «Era-lhes submisso». Coisa admirável! O Verbo encarnado era submisso ao Seu pai nutrício, a este homem que era São José. Era também submisso a Maria. Reparemos em José: era o chefe do ponto de vista da dignidade humana. No entanto, do ponto de vista real, era o último, é inferior à Virgem Maria, mãe de Deus. É evidentemente ainda inferior ao Menino Jesus, ao filho que está encarregado de proteger e de alimentar. A Igreja sublinha esta obediência perfeita de Jesus a José. Sublinha, ao mesmo tempo, a dedicação de José, que conhece todas as dificuldades da vida, a quem Deus se dirige para que fuja para o Egipto a fim de salvar o Menino Jesus. José é verdadeiramente o chefe da Sagrada Família. Dir-se-á de Jesus: «Não é Ele o filho de José, o carpinteiro?». É assim como será conhecido.

E José entrega-se com humildade perfeita, com plena consciência do que é e do que são os que deve guardar, a Virgem Maria e o Menino Jesus. Dedicação obscura e humilde, de uma humildade que não é um abaixamento, que é uma realidade. Na luz de Deus, vê muito claramente o que é na Sagrada Família para se pôr simplesmente no seu lugar, o último. É unicamente um chefe que é um servidor, um chefe que serve com humildade, respeitando e adorando este Filho de Deus que tem diante de si, e respeitando singularmente esta Mãe de Deus, que é sua esposa.

E a Virgem Maria está também no quadro. Ela cumpre os seus deveres: o seu dever maternal em relação ao Menino Jesus e também, exteriormente, os seus deveres de dona de casa para José. Deve preparar os alimentos e dirigir a vida de casa, porque José, seu esposo, trabalha. E Jesus deve crescer. É necessário que, fisicamente, se constitua, que tenha uma humanidade capaz não só de levar o peso da divindade que lhe está unida hipostaticamente, mas também capaz de cumprir a missão que lhe foi destinada. É realmente chamado a qualquer coisa de muito grande: deve sentar-se no trono de David. Eis a profecia na qual Maria acredita, e que se realizará certamente, ainda que provavelmente não descobrisse antecipadamente os meios.

Esta casa de Nazaré é realmente uma morada de amor, por conseguinte uma morada de alegria, uma morada onde tudo está bem ordenado. Voltemos a ela, de tempos a tempos, para respirar o perfume de Nazaré e para comparar a nossa conduta com a conduta de Jesus, de Maria e de José…

E nesta festa da Sagrada Família lemos no Evangelho uma cena também ela singular…É a viagem a Jerusalém… «Porque me procuráveis? Não sabíeis que devia estar em casa de meu Pai?». Maria e José sabiam que Jesus era o Filho de Deus, o Verbo encarnado. Respeitam-n’O. Diante desta palavra de Jesus, sossegam e ficam calados. Mergulham na obscuridade da fé, na obscuridade da resposta que Jesus lhes deu.

A família é um ambiente necessário no qual todos os membros têm os seus deveres... é um contexto destinado a gerar filhos, a ensiná-los, a educá-los... A vida de família é um meio… a família não é eterna, não é o fim de Deus: a família é feita para o desígnio de Deus. Quando Deus chama o filho, quando lhe manifesta a Sua vontade, qualquer que seja, os pais devem inclinar-se diante desta vontade de Deus e favorecer precisamente a sua realização... Deus é o Mestre. O pensamento de Deus é o fim... Tudo o resto é meio para chegar a esta realização do pensamento de Deus.

Procuremos nós mesmos seguir atrás de Jesus, receber o seu ensinamento e pedir-Lhe que fixe na nossa alma esta luz que Ele nos dá e que a desenvolva. Saibamos também que fomos feitos para nos ocuparmos das coisas do nosso Pai que está nos Céus. Eis toda a finalidade da nossa vida.

Peçamo-lo também à Santíssima Virgem que viveu nesta luz. Depois de ter sido certamente surpreendida com a resposta de Nosso Senhor, entranhou-se na obscuridade do pensamento de Deus e encontrou nisto um crescimento do amor. Encontrou a paz. Esta paz vai reinar doravante nesta morada de Nazaré até Jesus realizar o que anunciou, e deixar a casa de Nazaré, partir para a sua missão pública e ir até ao Calvário.»


Extratos da homilia da Sagrada Família, janeiro de 1964

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