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O Menino Jesus e a graça da conversão de Teresinha

Quadro pintado por Santa Teresinha do Menino Jesus "Sonho do Menino Jesus"

Em criança, Teresa era gravemente inibida. Inconscientemente, começou a extorquir compaixão com torrentes de lágrimas. «Eu era verdadeiramente insuportável, pela minha excessiva sensibilidade, - escreve ela severamente – e quando começava a consolar-me pelo facto em si mesmo, chorava por ter chorado.» (Ms A, 44vº). Teresa vivia desesperadamente fechada em si mesma. Sofreu imenso com isso. Possuir tão ricas possibilidades, e não ter o meio de as desenvolver… Graças aos seus esforços, vãos mas perseverantes, para eliminar este defeito do seu feitio, adquiriu secretamente uma vontade muito forte. De tal modo que, mais tarde, Teresa nunca iria abandonar facilmente o que tiver empreendido!

No dia de Natal de 1886, tudo muda. A família regressa da missa de meia-noite. O pai, sempre amável, está cansado. Num momento de mau humor, faz uma observação porque Teresa ainda sente uma alegria infantil em pôr os sapatos na chaminé. «Enfim, ainda bem que é o ultimo ano!» - diz ele enervado. Tal comportamento nunca lhe tinha acontecido nas suas relações com o pai. Ele era sempre tão meigo e delicado: um espelho brilhante no qual Teresa podia fielmente reconhecer-se. De repente, o espelho fica rachado e Teresa vê o seu rosto desfigurado. O Papá já não é uma imagem bondosa, mas um reflexo áspero.

Com maior sofrimento e lucidez do que antes, Teresa compreende logo que já é tempo de deixar «as fraldas da infância». Já tinha tentado fazê-lo muitas vezes. Mas desta vez consegue! Como sempre as lágrimas já tinham chegado aos seus olhos, mas pela primeira vez na vida, ultrapassa esta difícil situação e retém as lágrimas. Entende por experiência como «cresceu num instante», como de repente se tornou «forte e corajosa» (Ms A, 44vº).

Teresa atribui este pequeno milagre psicológico ao Menino do presépio, Jesus que acaba de receber na comunhão. «Jesus, o doce pequeno Menino de uma hora, mudou a noite da minha alma em torrentes de luz… Desde esta noite bendita, não fui vencida em nenhum combate; antes pelo contrário, caminhei de vitória em vitória» (Ms A, 44vº). A força de Deus invade a sua psicologia. Todos os vãos esforços de outrora cristalizam-se agora num estado de força. Teresa chama ao acontecimento de Natal de 1886 «a graça da minha completa conversão». Rapidamente, Teresa recupera o seu atraso. Começa agora «o terceiro período da minha vida, o mais belo de todos» (Ms A, 45vº).


Segundo Les mains vides, Le message de Thérèse de Lisieux, de Conrad de Meester, ocd

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