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Santa Edith Stein (1891-1942)


«A alma de cada homem é um templo de Deus: isto abre-nos horizontes totalmente novos. A oração de Jesus é a chave para entender a oração da Igreja.

Já vimos como Cristo participou no culto público e prescrito do seu povo (quer dizer, no que chamamos “liturgia”)… Mas Jesus não participou apenas no culto oficial. Os Evangelhos contam-nos que ele, talvez com mais frequência, orava solitário, no silêncio da noite, no cimo do monte ou no deserto afastado dos homens…

No Monte das Oliveiras preparou-se para subir o Gólgota. O que orou ao Pai, nessa hora mais dura de sua vida, é-nos dado em poucas palavras, que nos foram dadas como estrelas que nos guiam nas nossas horas de Getsémani: “Pai, se quiseres, afasta de mim este cálice, contudo, não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lc 22, 42). Essas palavras são como um relâmpago que momentaneamente nos deixam entrever a vida íntima de Jesus, o mistério insondável do seu ser humano e divino e do seu diálogo com o Pai. Sem dúvida alguma, esse diálogo nunca foi interrompido durante a sua vida.

Cristo orava intimamente, não só quando se afastava da multidão, mas também quando se encontrava no meio dos homens. E uma vez permitiu-nos olhar longa e profundamente o segredo desse íntimo diálogo.

Foi pouco antes da hora de Getsémani, imediatamente antes de partir para ali: ao acabar a última ceia, na qual reconhecemos o momento do nascimento da Igreja: “Ele que amou os seus… amou-os até ao fim” (Jo 13, 1).

Sabia que era a última reunião, e quis dar-lhes tudo quanto podia. Tinha que conter-se para não dizer mais, pois sabia que não o compreenderiam, que não poderiam compreender nem sequer o pouco que tinham recebido. Teria que vir o Espírito da Verdade para lhes abrir os olhos. E depois de lhes ter dito e feito tudo o que devia, levantou os olhos e falou na presença deles com o Pai (Jo 17). A essa oração chamamos oração sacerdotal de Jesus…

A oração sacerdotal de Jesus revela-nos o mistério da vida interior: a imanência recíproca das pessoas divinas e a inabitação de Deus na alma. Nestas secretas profundidades se preparou e realizou oculta e silenciosamente a obra da redenção; e assim continuará até que no fim dos tempos cheguem todos à perfeita unidade.»


Extrato de Edith Stein, A Oração da Igreja, 1937, in As mais belas páginas de Edith Stein, Ed. Carmelo

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