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Santa Isabel da Trindade

Atualizado: 7 de nov. de 2021


Abrindo o livro dos escritos de S. Isabel da Trindade (1880-1906), carmelita no Carmelo de Dijon em França durante cinco anos, repara-se logo que a maior parte é constituída pela sua correspondência. Conservaram-se 342 cartas, essencialmente escritas à família, às amigas mais próximas da sua geração e às amigas da mãe. A correspondência da Isabel é o lugar privilegiado para os cristãos leigos encontrarem conselhos para a vida espiritual, a oração, os caminhos da santidade no meio do mundo. Isabel oferece também conselhos para lidar com as recordações e a memória, mostrando a sua própria experiência e muitos sentimentos de gratidão pelos tempos vividos antes da sua entrada no convento.

À irmã Margarida, mais nova de dois anos e meio, em 1901:

«Oh, minha querida, quando estiveres desgostosa, diz-Lhe, Àquele que tudo sabe, que tudo compreende e que é o Hóspede da tua alma; pensa que Ele está dentro de ti como numa pequena Hóstia. Ele ama tanto a sua Guidinha, confio-te isso da sua parte… Durante o dia pensa algumas veze n’Aquele que vive em ti e que tem sede de ser amado. É junto dele que me encontrarás sempre!.. E a meditação? Aconselho-te a simplificar todos os teus livros, a encheres-te um pouco menos e verás como é muito melhor. Toma o teu Crucifixo, olhe, escuta. Sabes que é lá que nos encontramos, e depois, não te deixes perturbar, quando estás ocupada como agora sem poderes fazer todos os teus exercícios: podemos orar a Deus enquanto agimos, basta pensarmos n’Ele. Então tudo se torna doce e fácil, porque não estamos sós a agir e Jesus está presente.» (C 93)

À Senhora Angles, correspondente assídua da Isabel no Carmelo, casada, sem filhos, doente e infeliz, com quarenta anos em 1902:

«Peço também muito por si, minha querida senhora, e creio que é na Cruz que o Mestre quer consumar a união consigo. Não há madeira como a da Cruz para acender na alma o fogo do amor! E Jesus tem tanta necessidade de ser amado!... “O meu alimento é fazer a vontade d’Aquele que me enviou.” Foi Nosso Senhor o primeiro a dizê-lo…. Pois que me permite falar‑lhe intimamente e ler um pouco o que lhe vai na alma, deixe-me dizer-lhe, minha cara Senhora, quanto vejo nos seus sofrimentos “uma vontade de Deus”. É Ele quem lhe retira a possibilidade de agir, de se distrair, de se preocupar, para que a única ocupação do seu coração seja de O amar e de pensar n’Ele, sou eu que lho digo da sua parte!... E se pretende ser inteiramente d’Ele neste mundo, isso é tão simples: Ele está sempre consigo, esteja então sempre com Ele, em todas as acções, nos sofrimentos, quando o seu corpo ficar alquebrado fique ainda sob o seu olhar, contemple-o presente, vivo na sua alma.» (C 138)

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