Amor e alegria perfeita
Corre o ano de 1895 quando Santa Teresa de Lisieux (1873-1897) se oferece ao Amor Misericordioso (Or 6). Este ano, no dia 9 de Junho, festa da Santíssima Trindade, recebi a graça de compreender mais do que nunca quanto Jesus deseja ser amado... A mim Deus deu‑me a sua Misericórdia infinita… A própria Justiça me parece revestida de amor… Que doce alegria pensar que Deus é Justo, isto é, que tem em conta as nossas fraquezas, que conhece perfeitamente a fragilidade da nossa natureza! De que terei medo, então?... Desde este feliz dia, parece-me que o Amor me penetra e me envolve. (Ms A 84rº).
Estamos aqui no coração da mensagem de Teresinha: entende que, nas suas fraquezas e imperfeições, resplandece o Amor de Deus, que lhe perdoa sempre e lhe concede a sua graça dia após dia. A justiça de Deus é este Amor Misericordioso de Jesus que invade a sua pequenez, a sua pobreza. A “justiça severa”, que alimentava o medo de Deus na espiritualidade da época, não tem aqui nenhum lugar. Para subir a montanha da perfeição e ser santa, Teresinha procura e encontra um pequeno caminho completamente novo (Ms C 2vº): permanecer pobre, agradar a Jesus nas pequenas coisas e lançar-se com confiança nos Seus braços para que a elevem até aos Céus.
Na Páscoa de 1896, Teresinha entra nas “mais espessas trevas”, a provação da fé que vai prolongar-se até à sua morte. No entanto, apesar desta provação que me tira todo o gozo, posso ainda exclamar: “Senhor, Vós cumulais‑me de alegria por tudo quanto fazeis.” (Ms C 7rº). A descoberta da alegria nas penas e no sofrimento enraíza-se na sua esperança. E o que molda então a sua fé, são as promessas de Jesus: «Assim como o Pai me amou, também Eu vos amei. Permanecei no Meu amor… Digo-vos estas coisas para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja completa.» (Jo 15,9-11). Teresinha sempre esperou com confiança. Só a confiança e nada mais do que a confiança tem de conduzir-nos ao Amor. (C 197)
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