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Escapulário de Nossa Senhora do Carmo

História 

O título “Nossa Senhora do Carmo” é dos mais antigos e conhecidos com que se venera a Mãe de Jesus. A devoção a Nossa Senhora do Carmo surgiu no Monte Carmelo, onde nasceu a Ordem Carmelita. Nesse Monte bíblico foi construída uma pequena capela dedicada a Maria onde os primeiros Carmelitas se reuniam para louvar a Deus e venerar a Virgem Santíssima.  

Com as invasões muçulmanas, os Carmelitas foram expulsos para o Ocidente, lugar da sua origem e trouxeram consigo esta devoção. As dificuldades de adaptação ao Ocidente e concretamente a Ordem mendicante, não se fizeram esperar. A Ordem corria o risco de desaparecer. O Geral da Ordem, S. Simão Stock, coloca-a nas mãos de Maria. Ela era sua Mãe. Então, Nossa Senhora aparece-lhe, e entrega-lhe o Escapulário como sinal de protecção. Como esta protecção se fazia sentir os Carmelitas começam a ver o Escapulário como um sinal de protecção por parte de Maria para com a Ordem e um sinal de consagração a Maria por parte da Ordem. 

«Tenham-se em grande estima as práticas e exercícios de piedade para com a Santíssima Virgem, aprovados, no decorrer dos séculos, pelo Magistério» (Vaticano II).  

«Cremos que entre estas formas de piedade mariana devem contar-se expressamente o Rosário e o uso devoto do Escapulário do Carmo. Esta última prática, pela sua própria simplicidade e adaptação a qualquer mentalidade, conseguiu ampla difusão entre os fiéis, com imenso fruto espiritual». (Paulo VI)  

 

Um sinal na vida humana 

O mundo de hoje, mergulhado e fascinado pela técnica, é muito sensível aos sinais visíveis. Tem necessidade de trazer consigo a presença do “sagrado”: medalhas, crucifixos, terço e Escapulário... Vivemos num mundo feito de realidades materiais cheias de simbolismo: a luz, o fogo, a água... Na vida de cada dia existem experiências de relações entre os seres humanos, que exprimem e simbolizam coisas mais profundas como partilhar a comida (sinal de amizade), participar de uma manifestação de massa (sinal de solidariedade), celebrar juntos uma festa nacional (sinal de identidade). Temos necessidade de sinais ou símbolos que nos ajudem a compreender e a viver os factos mais conscientes daquilo que somos como pessoas e como grupos.  

 

Um sinal da vida cristã 

Jesus é o grande dom e o sinal do amor do Pai. Ele estabeleceu a Igreja como sinal e instrumento do seu amor. Na vida cristã também existem sinais e símbolos. Jesus utilizou-os: o pão, o vinho, a água, o óleo, a imposição das mãos, as alianças, para nos fazer compreender realidades superiores que não vemos e não tocamos, mas que nos introduzem numa comunicação com Deus, presente através deles. Além dos sinais litúrgicos, existem na Igreja outros ligados a um acontecimento, a uma tradição, a uma pessoa. Um desses é o Escapulário do Carmo.  

 

O Escapulário, um sinal mariano 

O Escapulário de Nossa Senhora do Carmo, com uma tradição de 750 anos, é um sinal aprovado pela Igreja e aceite pela Ordem dos Carmelitas como manifestação extrema de amor de Maria para com os seus filhos. A palavra “escapulário” indica uma vestimenta que os Carmelitas usavam sobre hábito religioso durante o trabalho manual. Com o tempo assumiu um significado simbólico: o de carregar a cruz de cada dia, como os discípulos e seguidores de Jesus. Em algumas Ordens religiosas, como no Carmelo, o Escapulário tornou-se um sinal da sua identidade e vida. O Escapulário simbolizou o vínculo especial dos Carmelitas com Maria a Mãe do Senhor, que exprime a confiança na sua materna protecção e o desejo de imitar a sua vida de doação a Cristo e aos outros. Transformou-se assim num sinal mariano.  

 

Das Ordens religiosas ao Povo de Deus   

Na idade média, muitos cristãos queriam associar-se às Ordens religiosas fundadas naquele tempo. Surgiram grupos de leigos associados a eles, por meio das fraternidades.  

Todas as Ordens religiosas desejavam dar aos leigos um sinal de afiliação e participação do próprio espírito e do próprio apostolado. Este sinal era constituído de uma parte do hábito: a capa, o cordão, o escapulário.  

Entre os Carmelitas estabeleceu-se o Escapulário como o sinal de afiliação à Ordem e expressão da sua espiritualidade.  

 

O valor e o significado do Escapulário 

O Escapulário funda as suas raízes na tradição da Ordem, que o interpretou como sinal da protecção materna de Maria. Contém em si mesmo, a partir desta experiência plurissecular, um significado espiritual aprovado pela Igreja:  

- representa o compromisso de seguir Jesus como Maria, o modelo perfeito de todos os discípulos de Cristo. Este compromisso tem a sua origem no baptismo que nos transforma em filhos de Deus. Por ele a Virgem Maria nos ensina a:  

- viver abertos a Deus e à sua vontade, manifestada nos acontecimentos da vida;  

- escutar a Palavra de Deus na Bíblia e na vida, a crer nela e a pôr em prática as suas exigências;  

- orar em todo o momento descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;  

- viver próximos aos nossos irmãos na necessidade e a solidarizar-se com eles;  

- introduz na fraternidade do Carmelo, comunidade de religiosos e religiosas, presentes na Igreja há mais de oito séculos, e compromete a viver o ideal desta família religiosa: a amizade íntima com Deus através da oração;  

- põe-nos diante do exemplo das santas e dos santos com os quais estabeleceu uma relação familiar de irmãos e irmãs.  

Exprime a fé no encontro com Deus na vida eterna pela intercessão de Maria e sua protecção. 

 

Normas práticas 

O Escapulário é imposto só uma vez por um sacerdote ou uma pessoa autorizada.  

Pode ser substituído por uma medalha que represente de uma parte a imagem do Sagrado Coração de Jesus e da outra, a Virgem Maria.  

O Escapulário compromete com uma vida autêntica de cristãos que se conformam às exigências evangélicas, recebem os sacramentos, professam uma especial devoção à Santíssima Virgem, expressa ao menos com a recitação diária da oração do Angelus.    

 

O Escapulário do Carmo não é:  

–Um sinal de protecção mágica, um amuleto;  

–Uma garantia automática de salvação;  

–Uma dispensa de viver as exigências da vida cristã.  

   

É um sinal:  

– aprovado pela Igreja há sete séculos;  

– que representa o compromisso de seguir Jesus como Maria:  

– abertos a Deus e à sua vontade;  

– guiados pela fé, pela esperança e pelo amor; próximos dos necessitados;  

– orando em todos os momentos e descobrindo Deus presente em todas as circunstâncias;  

– que introduz na família do Carmelo;  

– que alimenta a esperança do encontro com Deus na vida eterna pela protecção de Maria e sua intercessão.  

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